A escola do futuro não existirá. Ela será substituída por espaços de aprendizagem com todas as ferramentas possíveis e necessárias para os estudantes aprenderem. Esta é a expectativa de Tião Rocha, educador, antropólogo e uma das principais referências em ensino de folclore e cultura popular. Para ele, educação se faz com bons educadores e o modelo escolar arcaico "aprisiona" e há décadas dá sinais de falência. "Não precisamos de sala, precisamos de gente. Não precisamos de prédio, precisamos de espaços de aprendizado. Não precisamos de livros, precisamos ter todos os instrumentos possíveis que levem o menino a aprender", defende.
E é isso que o educador tem feito nos últimos 30 anos, desde que teve "um clarão" e deixou o emprego de professor na Ufop (Universidade Federal de Ouro Preto) para fundar o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, organização não-governamental sem fins lucrativos, criada em 1984, em Belo Horizonte (MG). Na cidade de Curvelo, no sertão mineiro e capital da literatura de Guimarães Rosa (auto-proclamada pelo escritor), Tião iniciou um projeto pedagógico baseado no uso da cultura local como matéria-prima do ensino e na proposta de que a educação acontece em qualquer lugar. E foi debaixo de um pé de manga que a pedagogia da roda começou. Em círculo, as crianças discutem, avaliam e decidem a atividade do dia.
Sua proposta de uma educação mais livre já atingiu mais de 500 educadores e 20.000 crianças. O projeto é reconhecido internacionalmente e foi levado a Moçambique e Guiné Bissau. "Nós comprovamos que é possível sim fazer educação de boa qualidade sem escola, em qualquer lugar. E aprendemos também que só podemos fazer boa educação, se tivermos bons educadores. Bons educadores são aqueles que geram processos permanentes de aprendizado e não repassadores de conteúdo", afirma.
Autor premiado de propostas pedagógicas e livros didáticos sobre o uso do folclore e da cultura popular no ensino básico. Em 2007, Tião recebeu o prêmio Empreendedor Social, do jornal Folha de S.Paulo e da Fundação Schwab. Confira a entrevista aqui
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