quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Ensino Religioso e Literatura


Publicado pelo crunicap




A revelação de Deus, seja em que cultura (e religião) for, se condensa em uma literatura humana. Para o nosso Ariano Suassuna, por exemplo, o mundo é um “pasto incendiado” e a função da arte e, mais especificamente, da literatura, é “salvar do incêndio e deixar alguma coisa de permanente e belo, que escapasse das chamas e das cinzas”. A literatura, de fato, tem a missão de aprofundar, no que tem de mais profundo e específico, o mistério do humano. Brota das pessoas naquilo que têm de mais irredutível, em seu mistério, envolto por silêncio e solidão, antes de abrir-se aos outros com a mediação da linguagem. É a vida que toma consciência de si mesma, quando atinge a plenitude de expressão, valendo-se de todos os recursos da linguagem: conceitos, imagens, símbolos, mas também ritmo e harmonia.

Qual seria nosso conhecimento do que é o homem, se não fosse Homero, Doistoievski e Camus, sem Adélia Prado e Guimarães Rosa, Patativa do Assaré e Clarice Lispector, Ariano Suassuna e João Cabral de Melo Neto? João Cabral é desses grandes da literatura, que captam uma palavra diferente e criativa, que causa diferença em nossas vidas. Por trás das suas palavras aparece uma humanidade tão humana, que acaba transparecendo o divino. É um ateu que fez mais pela inculturação do cristianismo em nossas terras, do que muito padre e pastor juntos. Se a gente fosse ousado para tentar uma edição revista e ampliada dos nossos livros sagrados, teria de incluir muitas passagens inspiradas desses mestres e profetas que, mesmo sem “pertencer a Israel”, ajudam na fé da gente. Afinal, quando a Bíblia foi sendo escrita, muita coisa foi como literatura e não imediatamente sagrada. E João Cabral é desses que auxiliam a rever o sagrado em nosso mundo (...).

Há um tipo de literatura que, embora não sendo explicitamente religiosa, chega, como é mais o caso de João Cabral, a um tal conhecimento do ser humano e de seus problemas e esperanças, que constitui uma fonte fecunda de questões e que estimula a teologia. Por dispor de toda uma riqueza da linguagem expressiva e evocadora das entranhas da gente – como o faz com maestria o poema Morte e Vida Severina. A literatura descobre os abismos que habitam o homem, ao passo que as revelações, e depois as teologias, os assumem para demonstrar como o divino chega a atravessá-los e a iluminá-los. Mas quais são as questões humanas que aparecem na obra de João Cabral e como ele re-vela, para nós nordestinos, Cristo e o cristianismo? As respostas a essas questões se encontram no trabalho de Maria Augusta, cuja leitura é recomendada para professores do ensino religioso, pedagogos e também teólogos.

Augusta parte de um poema dramático que trata da condição humana do homem do sertão, conta a história de um retirante que vai para o litoral e em cada parada se depara com a morte anônima e coletiva, até a chegar ao seu destino final: a cidade de Recife, onde acontece o nascimento de uma criança, símbolo de esperança. Tem como personagem principal o retirante Severino, que representa todos os deserdados que vivem a vida Severina, sem condições de dignidade. O texto de João Cabral possibilita a reflexão sobre a caminhada do sertanejo, que por onde passa faz o registro de toda a situação da vida do povo e da paisagem nordestina, tendo como guia o rio Capibaribe que, como o sertanejo, também sofre com a seca e com as cercas. O objetivo de Severino é a busca incessante de vida mais digna do que a morte. O objetivo de Augusta é buscar no imaginário do texto literário noções de identidade comunitária e de solidariedade ética, de transcendência religiosa através do sagrado que prorrompem em meio ao mangue e à sua cultura. Tudo isso aponta para um caminho criativo na reflexão sobre o fato religioso, que pode e deve integrar a formação integral de nossas escolas. (Apresentação de Gilbraz)

Referência:

TORRES, Maria Augusta S. Ensino religioso e literatura: um diálogo a partir do poema Morte e Vida Severina. Recife: Fasa, 2012.

* O lançamento do livro será feito no dia 04 de março de 2013, das 14h00m às 17h00m, no 1º andar do bloco B da UNICAP

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Câmara aprova MP da alfabetização até 8 anos; texto cria bolsa para cotistas


Do site UOL Educação

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, no início da noite de hoje (26), a MP (Medida Provisória) 586/2012, que cria o Pnaic (Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa). O pacto prevê o apoio técnico e financeiro da União a Estados e municípios para garantir a alfabetização dos alunos da rede pública até os 8 anos de idade. A MP – que já havia passado por uma comissão mista do Congresso – segue agora para o Senado.

Como o UOL adiantou na semana passada, uma emenda inserida no texto pelo relator da MP, senador Eduardo Amorim (PSC-SE), autoriza também a criação de uma bolsa-permanência para alunos de universidades públicas que ingressarem por meio do sistema de cotas.

O MEC definiu o valor da bolsa em R$ 400 por mês, dinheiro que virá do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Terão direito ao benefício alunos de baixa renda matriculados em cursos com jornada diária de 5 horas ou mais. O ministério ainda não estimou o custo total do programa nem quantos estudantes deverão ser beneficiados.

Alfabetização

O Pnaic prevê o apoio do governo federal para  financiar a formação continuada dos professores; as bolsas oferecidas aos profissionais e outras atividades voltadas ao cumprimento dos objetivos do pacto. A estimativa é que sejam investidos cerca de R$ 3 bilhões até 2014. Para cumprir o objetivo, o governo promete liberar R$ 1,1 bilhão neste ano, dinheiro previsto no projeto de Lei Orçamentária Anual, que está em análise pelo Congresso. Na votação na Câmara, a base do governo rejeitou emendas apresentadas pela oposição para antecipar a meta de alfabetização para os 6 anos de idade.

Segundo deputados do PSDB e do DEM, o pacto deixa os alunos da rede pública em desvantagem em relação aos estudantes de escolas privadas e também os de outros países. Os parlamentares governistas alegaram que a meta de oito anos é a possível de ser atingida diante da realidade da educação no país.

Segundo o MEC, programa atingirá aproximadamente oito milhões de estudantes nos três primeiros anos do ensino fundamental, distribuídos em 400 mil turmas de 108 mil escolas da rede pública do país.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que a maior taxa de analfabetismo do país está no Norte (27,3%), seguido do Nordeste (25,4%), Centro-Oeste (9%), Sudeste (7,8%) e Sul (5,6%).


*Com informações da Agência Brasil e da Agência Câmara.


Sobre






terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O futuro das religiões no Brasil

(Do crunicap - Blog do Mestrado em Ciências da Religião da UNICAP)


Cada pessoa vai organizar a sua religiosidade em um cenário multiforme, com menos doutrinas e mais experiências emotivas? Cada religião vai reforçar sua ortodoxia e lutar por espaço político, defendendo o moralismo sob influência de potências culturais mundiais? As religiões e espiritualidades vão disputar o mercado cultural na televisão e na internet, apelando até para mensagens apocalípticas? Todas as religiões vão convergir para uma espiritualidade ecológica e de nova consciência global?

São tendências das religiões pelo mundo, mas o Brasil, com sua multiculturalidade, é um dos melhores laboratórios de ensaio do futuro da religiosidade. Em tempos de modernidade globalizada, com grandes possibilidades tecnológicas e enormes dificuldades de relações entre grupos humanos e destes com a natureza, as pessoas tendem a ficar mais egoístas, no sentido de ouvir mais a própria intuição. Paradoxalmente, isso leva à busca por uma espiritualidade maior e uma melhor compreensão do significado da vida, o que pode inclusive redefinir e ampliar os nossos limites éticos.

Será, então, que vamos assistir à ascensão de um “Deus Verde” planetário e de uma “Nova Consciência” espiritual? Ou, ao invés, as crises culturais e econômicas que atravessam o planeta, levarão também no Brasil a uma politização de ortodoxias moralistas e sob pressão de superpotências mundiais? Para aprofundar essas questões, acontecerá no Recife, nas dependências da Universidade Católica de Pernambuco, de 4 a 6 de setembro de 2013, o IV Congresso Nacional da ANPTECRE – Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Teologia e Ciências da Religião, que vai se perguntar sobre “O futuro das religiões no Brasil”. Veja abaixo a agenda e vá se preparando para participar: a nata da área de estudos da religião estará entre nós!

09 nov. 2012 – lançamento do Congresso na UNICAP e chamada de Sessões Temáticas (STs) para os Programas
25 mar. 2013 – encerramento do prazo para propostas de STs
15 abr. 2013 – divulgação das STs aprovadas e chamada para comunicações, início das inscrições para o Congresso
17 jun. 2013 – encerramento do prazo para propostas de comunicações
01 jul. 2013 – divulgação das comunicações aceitas
15 jul. 2013 – último prazo para pagamento das inscrições com comunicações
19 ago. 2013 – encerramento das inscrições como participantes
4-6 set. 2013 – realização do Congresso
30 set. 2013 – data final para envio dos textos completos de comunicações
25 nov. 2013 – publicação do ebook do Congresso

Veja outras informações e a Programação completa aqui

Enquanto o Congresso não chega!!!



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

UEPA forma 22 professores em Ciências da Religião

(Do site do GPER)



A colação de grau foi realizada no dia 01 de fevereiro de 2013 no auditório do Centro de Ciências Sociais e de Educação (CCSE), no Campus I. Ao final do curso, todos os concluintes já estão empregados. A maior parte deles, aprovada no último concurso da Secretaria Estadual de Educação. A Universidade do Estado do Pará (Uepa) formou mais 22 professores em Ciências da Religião. A cerimônia de outorga de grau, conduzida pela reitora Marília Brasil Xavier, foi realizada na sexta-feira, dia 1º de fevereiro, no auditório do Centro de Ciências Sociais e de Educação (CCSE), no Campus I. Todos os novos profissionais formados, já estão empregados.

Durante a mensagem aos novos professores, a reitora da Uepa, Marília Brasil Xavier, falou sobre escolhas, determinação e superação. “Esperamos que vocês consigam levar de nós o exemplo de professores, o exemplo dessa instituição que se supera no dia-a-dia das ameaças internas e externas. Nós superamos pelo  que a gente acredita, porque, nós, professores, somos cosmos da evolução passiva que se faz através da educação, do conhecimento e da promoção da dignidade humana”, afirmou a reitora.

A maior parte dos concluintes foi aprovada no último concurso da Secretaria Estadual de Educação (Seduc). O feito foi destacado pelo orador da turma, Osaías de Jesus dos Santos, que enfatizou ainda a importância do professor para construção de uma sociedade melhor. “A carreira de professor não torna ninguém rico, mas o melhor salário a ser recebido em uma profissão é poder exercê-la. A nossa turma foi diferenciada, todos (que fizeram o exame) se classificaram no concurso. A nossa contribuição positiva vai ajudar a tirar o Pará de um dos piores indicadores sociais do país, que é o da educação”, afirmou o orador da turma.

Muito emocionado, o diretor do CCSE, Pedro Sá, lembrou os desafios de se implantar este curso na universidade, quando nenhuma outra instituição pública havia feito o mesmo, lembrou dificuldades, mas no fim avaliou que a ousadia fez toda a diferença. Para ele, esta aprovação em massa no concurso público para professor não apenas atesta que a Uepa acertou ao fazer esta escolha, mas também referendou a qualidade do ensino ministrado na universidade. “É preciso coragem para fazer a diferença”, afirmou.

Atualmente, além da graduação, o CCSE da Uepa já oferece dois Mestrados: o de Educação e o de Ciências da Religião. “Realmente é uma alegria muito grande saber que nosso compromisso enquanto formadores foi cumprido”, afirmou a coordenadora do curso, Lourdes Melo. O paraninfo da turma, o professor José Antônio Mangoni, durante a cerimônia, falou sobre religião e a importância da dúvida. “Tenho muito receio de quem tem muita certeza sobre tudo, porque esta anda muito próxima da intolerância”, afirmou.



Fonte: UEPA - Mácio Ferreira

I Encontro de Teólogos e Teólogas da Tradição de Matriz Africana, Afro-Umbandista e Indígena da Região Sul




Nosso amigo, o Prof. Jayro de Jesus (ATTRAI), Teólogo das Religiões de Matriz Africana, em parceria com os seus amigos da Escola de Filosofia e Teologia Afrocentrada (ESTAF) e do Egbé Orun-Aiyê, promovem, de 29 a 31 de março de 2013, o I ENCONTRO DE TEÓLOGOS E TEÓLOGAS DA TRADIÇÃO DE MATRIZ AFRICANA, AFRO-UMBANDISTA E INDÍGENA DA REGIÃO SUL. 

O evento ocorrerá na Câmara Municipal de Porto Alegre, Av. Loureiro da Silva, 255, sl. 301, Centro.

Inscrições aqui

Parabéns ao Prof. Jayro e aos seus amigos pela iniciativa.




quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Profecias apocalípticas voltam à tona após renúncia do papa

(Do site do iG)

Por Alessandra Oggioni 

Teorias atribuídas a São Malaquias e Nostradamus preveem fim do mundo e ruína do catolicismo. Mas será que previsões resistem a uma avaliação racional?

Sempre comentadas e cercadas de mistérios, as profecias sobre o fim do mundo ganham força quando ocorre algum fato ou fenômeno de grande repercussão – como o suposto fim do calendário maia em dezembro passado. Na última semana, após o anúncio da renúncia do papa Bento 16, que acontecerá no fim de fevereiro, não tardaram a circular teorias com as piores previsões possíveis, do fim do mundo ao fim do catolicismo. Mas será que alguma delas resiste a uma avaliação racional?

Uma das profecias, atribuída a São Malaquias, afirmaria que o próximo papa seria o último antes da destruição de Roma e do fim do catolicismo. A previsão é baseada em um documento que teria sido escrito pelo bispo Malaquias, no século 12, com 112 breves descrições sobre cada um dos papas que a igreja teria, a partir do ano de 1.143. Na interpretação, a divisa 111 refere-se a Bento 16 como o penúltimo a comandar a igreja. Já o lema de número 112 falaria sobre o último pontífice a exercer o cargo, nomeado como “Petrus Romano”, ou Pedro Romano.

O escritor Wilson A. De Mello Franco, autor de mais de 30 livros digitais sobre profecias, acredita que o nome Pedro é uma indicação de que o próximo papa possa ser Peter Turkson, cardeal de Gana, o que levaria a igreja a ter o primeiro pontíficie negro.
No entanto, para a socióloga Brenda Carranza, pesquisadora na área de sociologia da religião e autora do livro “Catolicismo Midiático” (Ideias & Letras, 2011), a possibilidade de ter um papa negro não se trata de profecia, mas de uma alternativa real. “Existem, sim, africanos que teriam condições de se tornarem papas. O que não tenho tanta certeza é que seja o momento no jogo de forças institucionais que este critério prevaleça”, analisa.

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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Mudanças no Ensino Médio


(Do site do NE10)


A Comissão Especial de Reformulação do Ensino Médio da Câmara dos Deputados, juntamente com a representante da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Carmem Neves, fizeram nesta terça-feira (19) um debate para tratar da proposta de alterar a legislação atual sobre o ensino médio.

Segundo Carmem, a educação básica não está preparando com eficiência os alunos para o ensino superior e que, desde a base educacional, o aluno deve ter uma aproximação com a carreira que pretende seguir. "A educação deve funcionar como uma corrente, tem que haver um ligação da base, passando pelo intermediário, para chegar ao nível superior e sair bem preparado para o mercado de trabalho," disse a professora.

O presidente da comissão, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), acredita que o ensino médio atual não prepara os jovens para continuar o estudo e partir para o mundo do trabalho. O deputado entende que o aluno deve ter um foco maior nos estudos, se possível não trabalhar enquanto estuda, pois se houver uma concentração especial, a especialização será mais eficiente e o trabalho vai render mais quando ele o estiver exercendo definitivamente.

A comissão pretende criar um projeto de lei que regulamente um preparo mais rigoroso aos professores da educação infantil e do ensino médio. O relatório final só será apresentado no segundo semestre. Além dos projetos de lei, os deputados vão propor ações ao Ministério da Educação.

Fonte: Agência Brasil