quarta-feira, 30 de março de 2011

Jornada de Estudos Paulo Freire na UFPE


 

APRESENTAÇÃO


A Cátedra Paulo Freire, criada através da Portaria nº 04/2005 do Conselho Universitário da Universidade Federal de Pernambuco, representa reconhecimento institucional, preservação da memória e espaço de produção e socialização da Pedagogia Paulo Freire.

Ela traduz o reconhecimento da comunidade acadêmica à relevante contribuição social, política e pedagógica do Educador Paulo Freire à humanidade, a partir da Educação, e, ao mesmo tempo, uma homenagem a um professor da Universidade, reconhecido internacionalmente e considerado como educador do mundo.

         Neste ano em que se comemora 90 ANOS DE PAULO FREIRE, a Cátedra Paulo Freire/UFPE para abrir as comemorações ao longo do ano, promove uma JORNADA DE ESTUDOS a realizar-se no dia 31 de março no Centro de Educação, Auditório Carlos Maciel.

            As inscrições poderão ser feitas na Cátedra Paulo Freire (sala 129) até o limite de 150 vagas.

A Jornada tem a Coordenação da Profa. Eliete Santiago e o apoio da Direção do CE.


PROGRAMAÇÃO

9h - Abertura
10h - Palestra: 90 anos de Paulo Freire e sua presença na sociedade brasileira
Palestrante - Professor Dr. Alder Júlio Ferreira Calado
11h – Dialogando com o Professor Alder Júlio Calado

14h - RODA DE CONVERSA: A presença de Paulo Freire nos Programas de Pós-Graduação em Educação do Nordeste
Prof. Dr. Agostinho Rosas - Tese defendida no PPGE/UFPB
Prof. Mestre Nelino Azevedo - Dissertação defendida no PPGE/UFPE
Profa. Dra. Sandra Borba - Tese defendida no PPGE/UFRN

16:30 - ENCERRAMENTO


quinta-feira, 17 de março de 2011

ESPAÇO DAS RELIGIÕES NO FÓRUM

 Enviado pelo crunicap em 16/03/2011.

Desde 2007 nós criamos na UNICAP uma série de encontros mensais com animadores das tradições religiosas da região, para conhecimento mútuo, exercício de tolerância cultural e veneração pluralista pelo sagrado. Pensando na educação mais ampla do nosso povo, queremos transformar essa experiência e conhecimento do Fórum Inter-religioso da Universidade em um subsídio pedagógico para o ensino religioso, mas também colaborar na criação de um Espaço das Religiões no Recife.
Convidamos a todos para, na próxima sexta, 18 de março, 17h, no auditório do CTCH (1º andar do bloco B) começarmos a discutir então a criaçao de uma fundação, o “Espaço das Religiões”, com base em centro cultural e centro de referência museológico no Recife, para tematizar o fenômeno religioso e as diversas experiências e manifestações espirituais e religiosas. O seu objetivo é de promover o conhecimento das tradições religiosas, o diálogo entre as religiões e a convivência entre os seguidores dos diversos caminhos espirituais. Trata-se de um espaço físico e existencial para esclarecer os diversos níveis de participação religiosa, do popular ao filosófico, enfatizando o conhecimento místico que se desenvolve entre e além das diversas expressões.
Participe e envolva-se na criação de um espaço que tem o apoio do Fórum Inter-religioso da UNICAP, mas vai para muito além dos muros da Universidade, porque destina-se à escuta, à celebração e à meditação sobre as vivências da fé da nossa gente, ajudando assim a fomentar uma sociedade pluralista e democrática.

Ensino Religioso-PE parabeniza a iniciativa e desde já confirma presença!

terça-feira, 15 de março de 2011

Ensino Religioso em debate:muito além do simples sim e não.

Publicado pelo FONAPER em 11/03/2011

Por Luiz José Dietrich - Professor do Curso de Graduação em Ciências da Religião  - Licenciatura em Ensino Religioso na Universidade de Blumenau - FURB.

É no mínimo ingenuidade esperar que a formação religiosa dada pelas famílias e por algumas instituições religiosas favoreça a "descontrução de discriminações", conforme defende a Profa. Roseli Fischmann, na coluna Tendências/Debates, publicada na Folha de São Paulo, em 05 de março do corrente.
Basta observar as pregações de grupos cristãos demonizando e atacando as divindades cultuadas pelas culturas indígenas ou pelas religiões afro-brasileiras; ou levantando fundos para catequizar ou evangelizar culturas autóctones na América Latina e na África; ou o desejo de alguns setores da Igreja Católica Romana que, inspirados pelo "arquétipo" da religião oficial do Império, buscam manter privilégios por meio do Acordo Internacional Brasil-Santa Sé; ou pelo Ensino Religioso implementado em desacordo com o Art. 33 da LDB nº 9.394/96, através de convênios com dioceses católicas e alianças com organizações evangélicas e pentecostais; ou do pastor norte-americano que queria instituir a data do 11 de setembro como dia da queima do Alcorão; ou das imagens depreciativas da cultura e religião da Índia, que circularam na internet durante a exibição da novela "Caminho das Índias"; ou ainda toda celeuma que aflora diante dos debates sobre uniões homossexuais ou do aborto.
É claro que estas posições, atitudes e práticas não representam a totalidade das tradições ou grupos religiosos acima citados. No entanto, não é difícil de constatar que a intolerância religiosa tem se manifestado em diferentes espaços e lugares, nutrida pelo desconhecimento, preconceito e discriminação para com a crença ou não-crença do outro.
Promover o reconhecimento da diversidade religiosa é uma tarefa que se impõe a todos aqueles que desejam uma sociedade verdadeiramente democrática. É, portanto, dever do Estado e uma das tarefas da escola zelar pela liberdade de pensamento, crença e religião. Mas, para tal, é necessário que professoras e professores sejam formados e devidamente licenciados para abordar de forma científica a diversidade do fenômeno religioso.
Felizmente, em diferentes Estados brasileiros, existem iniciativas de formação inicial e continuada de docentes para agirem como "desconstruidores" da discriminação religiosa, tais como os cursos de Ciências da Religião-Licenciatura em Ensino Religioso oferecidos por universidades públicas e comunitárias.
Porém, diferentes meios de comunicação e pesquisas financiadas com verbas públicas insistem em ignorar ou esconder tais experiências, empobrecendo e manipulando um debate imprescindível à construção de uma sociedade pacífica e democrática.

Abaixo está o link para acessar a reportagem citada pelo Prof. Dietrich:
Aqui você ainda aprofunda a questão com outra entrevista da Profa. Fischmann para a Revista Nova Escola:

sexta-feira, 11 de março de 2011

Ensino Religioso em Chapecó/SC

Publicado pelo FONAPER - Boletim 06/2011

A implantação do Ensino Religioso nas escolas de Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de Chapecó/SC foi o assunto discutido em reunião realizada na Universidade Comunitária da Região de Chapecó-Unochapecó, com a participação de representantes de outras instituições.
No encontro, realizado por iniciativa do curso de Ciências da Religião: licenciatura em Ensino religioso, foi formulado uma proposta a ser encaminhada ao Executivo Municipal de Chapecó para que as escolas municipais passem a adotar recomendações da legislação educacional.
Com base no que é estabelecido na LDB (Art. 33), foi elaborado um projeto de lei municipal que será analisado pelo prefeito e enviado para votação pelo Legislativo. Esse projeto visa garantir o direito da oferta do conhecimento religioso no ensino fundamental da educação básica nas escolas públicas municipais de Chapecó.
O projeto também considera a Licenciatura em Ensino Religioso como habilitação necessária para a atuação na docência do Ensino Religioso. 
O vereador Ildo Antonini entende que o professor precisa ter o conhecimento específico na área para a construção do conhecimento religioso pelo aluno. “A inserção do ensino religioso desde o primeiro ano ajudará na formação pessoal do estudante”, diz o vereador.
Para a coordenadora do curso de Ciências da Religião: Licenciatura em Ensino Religioso, o curso prepara os futuros professores para compreenderem a diversidade religiosa presente no ambiente escolar. “Somente um profissional habilitado para ministrar a disciplina de Ensino Religioso poderá compreender as diferentes realidades”, argumenta a professora Teresa Dill.
O FONAPER parabeniza a iniciativa de mais um Município Catarinense assumir as determinações legais em relação ao Ensino Religioso, entendido como direito do aluno e dever da escola a respectiva oferta.

Fonte: Unochapecó

Ensino Religioso-PE também parabeniza a todos os envolvidos pela iniciativa!

FÓRUM NACIONAL DE TEOLOGIA DA RELIGIÃO DE MATRIZ AFRICANA E AFRO-INDÍGENA - FONATE

A partir deste mês até janeiro de 2013 entrará em atividades o FONATE – Fórum Nacional de Teologia da Religião de Matriz Africana e Afro-Indígena, que tem por objetivo “congregar nacionalmente e sob o lema ‘teologia não é uma teleologia judaica cristã e/ou católica’ adeptos da Religião de Matriz Africana e Afro-Indígena para discutir conceitualmente os pressupostos da Teologia dos Cultos Afros de forma a construir um estatuto epistemológico da referida Tradição Religiosa no Brasil inicialmente”. O FONATE espera, ao final das discussões, que sejam “formadas uma rede nacional de teólogos e teólogas da Religião de Matriz Africana e Afro-Indígena; elaboradas uma agenda comum de reflexão teológica que dê conta das questões inerentes a Religião Afro e da sua inserção política e social; produzidos artigos, ensaios, resenhas, relatórios, textos, etc., produzidos pelo FONATE e pela ATRAI; realizados seminários nacionais para a produção coletiva de conhecimento afro-teológico e constituídos fóruns nacionais e regionais de Teologia da Religião de Matriz Africana e Afro-Indígena”.

Para maiores informações acesse o link abaixo:

quarta-feira, 9 de março de 2011

Religião na escola

Publicado pelo Folha.com em 03/03/2011

por Hélio Schwartsman - articulista da Folha. Bacharel em Filosofia.

"O que são as histórias da Bíblia? Fábulas, contos de fadas?", pergunta a professora do 3º ano do ensino fundamental. "Não", respondem os alunos. "São reais!"
A cena, que teve lugar numa escola pública de Samambaia, cidade-satélite de Brasília, abre a reportagem de Angela Pinho sobre o ensino religioso no Brasil, publicada no último domingo na Folha. É um retrato perfeito da encrenca em que essa disciplina, que vem crescendo e hoje abarca mais ou menos a metade das escolas do país, nos lança.
Se as historietas bíblicas são reais, como quer a professora, então nós temos vários problemas. Procedamos por ramos do saber, a começar da física. De acordo, com Josué 10:12, Deus parou o Sol para que os israelitas pudessem massacrar os amorreus. Mesmo que eu não duvidasse da onipotência do Senhor, pelo que sabemos hoje de mecânica, nada na Terra sobreviveria a uma súbita interrupção de seu movimento de rotação. Em quem o aluno deve acreditar, no professor de religião ou no de ciência?
A física não o comoveu? Que tal a geologia? Pela Bíblia, a Terra tem cerca de 6.000 anos --5.771, a confiar nas contas dos rabinos. Pela geologia, são 4,5 bilhões. É difícil, para não dizer impossível, conciliar a literalidade das Escrituras com a existência de fósseis com idades substancialmente maiores que os seis milênios. Do lado de qual professor o aluno deve perfilar-se?
Talvez o problema esteja nas ciências "duras". Passemos às humanidades. A Bíblia, como todo mundo sabe ou deveria saber, é a fonte da moral, e os ensinamentos que ela traz nessa área são incontestáveis. Será? Em várias passagens, o "bom livro" autoriza ou mesmo manda fazer coisas que hoje consideraríamos horríveis, como vender nossas filhas como escravas (Êxodo 21:7) e assassinar parentes que abracem outras religiões (Deuteronômio 13:7). Se julgamos que a ética se aprende através de exemplos livrescos, sugiro trocar as Escrituras pelo mais benigno Marquês de Sade.
OK. Alguém pode argumentar que essa professora é uma exceção. Afinal, ela parece estar sustentando a inerrância da Bíblia, conceito que, no Brasil, é defendido por poucas religiões, notadamente adventistas e testemunhas de Jeová. Para as demais, as Escrituras não precisam e nem podem ser tomadas ao pé da letra.
Admito que essa mudança de discurso nos livra de algumas das dificuldades mais vexatórias --já não precisamos conciliar o criacionismo da Terra jovem com as aulas de ciência--, mas nem de longe acaba com elas.
Como já expliquei numa coluna antiga, embora seja em teoria possível juntar uma teologia um bocadinho mais sofisticada com a seleção natural neodarwinista, essa conciliação acaba resultando num Deus menos atuante, que cria as leis do universo e se retira. Ocorre que esse é o Deus de Newton e de Leibniz, mas não o das pessoas que vão a cultos. Para elas, um Deus que não ouve preces e não interfere nos destinos dos humanos é inútil. E esse Deus que elas querem --e que os sacerdotes pretendem colocar nas aulas de religião-- é, pelo menos no plano psicológico, incompatível com a ciência contemporânea que deveria ser ensinada nas escolas.
Não estou evidentemente sugerindo que as pessoas devam rifar Deus para ficar com a ciência. Essa é a minha opção, mas não acho que deva impô-la a ninguém. O simples fato de uns 90% da humanidade manifestar preferências religiosas é um bom indício de que essa é uma característica da espécie, como a tendência a gostar de música ou aquela quedinha por substâncias psicoativas. A verdade é que o ser humano tem algo de esquizofrênico. Só conseguimos conchavar crenças religiosas, que de algum modo acabam apelando ao impossível ou improvável, com o rigor lógico exigido pelo método científico, porque nosso cérebro está dividido em módulos. "Grosso modo", quando a parte responsável pelo pensamento lógico está ativa, inibe a área da religião, e vice-versa. Com esse mecanismo, as contradições, quando não passam despercebidas, tornam-se digeríveis.
Até para facilitar esse processo, não convém que religião e ciência sejam ensinadas no mesmo espaço. Para que a criançada aprenda desde cedo a distinguir o discurso do "lógos" (científico) do do "mythos" (religioso), é melhor que a escola trate apenas da ciência e que a religião fique a cargo dos templos.
Cuidado, não estou afirmando que não seja possível estudar a religião com ferramentas científicas. Em princípio, a sociologia, a antropologia, a psicologia e a neurociência estão aí para isso. Mas convém lembrar que estamos falando aqui de crianças de 6 a 15 anos, muitas das quais mal conseguem aprender português e as operações aritméticas básicas. Não me parece que a abordagem científica da religião deva ocupar um lugar muito alto na lista de prioridades. De resto, duvido que o lobby que advoga pelo ensino religioso esteja ansioso para ver a fé submetida a exame crítico.
Para além da cabeça da garotada, o ensino religioso na rede oficial também gera uma série de problemas institucionais. Como eu escrevi em texto que acompanhou a reportagem principal, a existência dessa disciplina em escolas públicas fere a separação entre Estado e igreja.
Pelo menos em teoria, o Brasil é um Estado laico. Não há religião oficial e o artigo 19 da Constituição proíbe expressamente o poder público de estabelecer cultos religiosos, subvencioná-los ou manter com eles relações de dependência ou aliança. É claro que a teoria soçobra antes mesmo de chegarmos ao artigo 19. O próprio preâmbulo da Carta invoca a "proteção de Deus", e o artigo 210 prevê o ensino religioso nas escolas públicas de ensino fundamental.
Vale aqui observar que a única Constituição verdadeiramente laica que tivemos foi a de 1891, que rompeu com a Igreja Católica e eliminou quase todos os seus privilégios. As que a sucederam reintroduziram o ensino religioso.
Embora doutrinadores gostem de dizer que não há contradição entre os artigos 19 e 210, é forçoso reconhecer que colocá-los lado a lado gera pelo menos um mal-estar. Não é o único. A diferença é que, ao contrário de outros estrépitos constitucionais, que conseguem passar relativamente despercebidos, esse está produzindo consequências.
Por considerar que o Estado não pode regular matéria religiosa sem romper sua neutralidade diante delas (que caracteriza o laicismo), o CNE (Conselho Nacional de Educação) optou por não fixar parâmetros curriculares nacionais para a disciplina. A decisão é institucionalmente correta (e constitui uma prova indireta do erro que foi colocar o ensino religioso na escola pública), mas gerou um deus nos acuda, onde cada Estado definiu ao sabor da conjuntura política local como a matéria seria ministrada.
As pesquisadoras Debora Diniz, Tatiana Lionço e Vanessa Carrião, em "Laicidade e Ensino Religioso no Brasil", traçam um panorama desse pequeno caos.
Pelo que elas puderam levantar, Acre, Bahia, Ceará e Rio de Janeiro optaram por um sistema confessional, que não se distingue da educação religiosa oferecida em escolas ligadas a igrejas. Não é preciso PhD em Direito para constatar que esse tipo de ensino afronta o dispositivo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação que veda o proselitismo no ensino religioso.
Os demais Estados menos São Paulo escolheram o modo interconfessional, no qual as religiões hegemônicas se unem contra as mais fracas e contra ateus e agnósticos para definir um núcleo de valores a ser ensinado aos alunos. Tampouco é um exemplo de defesa dos direitos das minorias.
Apenas São Paulo fez uma leitura um pouco mais crítica dos mandamentos constitucionais e se definiu pelo ensino não confessional. Pelo menos no papel, aqui as crianças têm aulas de história das religiões, no que é provavelmente a única forma de juntar sem produzir muitas fagulhas o ensino religioso com o princípio da separação entre Estado e religião.
Resta apenas responder porque a laicidade é assim tão importante. O problema com as religiões reveladas é que elas trazem absolutos morais. Se a lei foi baixada pelo Altíssimo, apenas querer discuti-la já representaria uma segunda ofensa contra o Criador. E utilizar absolutos na política --religiosos ou ideológicos-- é ruim porque eles a descaracterizam como instância de mediação de conflitos. O remédio contra isso, como já intuíram no século 18 os "philosophes" do Iluminismo francês e os "founding fathers" dos EUA, é a separação Estado-igreja. Ela facilita o advento da política como arte da negociação e, mais importante, favorece a noção de que minorias têm direitos que devem ser protegidos mesmo contra a maioria. Aqui, paradoxalmente, o laicismo se torna a principal força a proteger as religiões umas das outras.

Deseja ler mais artigos escritos por ele? Acesse aqui.

Caso tenha interesse em saber mais um pouco sobre a discussão do Ensino Religioso nas escolas veja o link "Artigos, Monografias, Dissertações e Teses sobre o Ensino Religioso" (canto esquerdo da tela).

Até breve!

sábado, 5 de março de 2011

Como abordar o tema sobre o Carnaval em sala de aula?

Publicado pelo FONPAER (Boletim 06/2011 de 04/03/2011)

O texto em anexo sobre o Carnaval na Educação foi elaborado pelo Professor Elcio Cecchetti, coordenador do FONAPER, como resposta à solicitação de entrevista da Editora Abril, de São Paulo. Gentilmente ele nos cedeu o mesmo na íntegra com o objetivo de auxiliar os Professores nas discussões sobre a temática, tanto para as aulas de Ensino Religioso como as demais.
Abaixo segue o texto publicado pela Editora Abril.
O Carnaval diz muito sobre a história do Brasil e da antiga sociedade europeia. Segundo algumas correntes, o Carnaval teria como marco inicial os cultos agrários de povos antigos como os egípcios, persas, fenícios e gregos. As comemorações marcavam o início da primavera, quando os povos dançavam ao redor de fogueiras, usando máscaras e adereços para a garantia de uma boa colheita.
A festa só surgiu como verdadeira prática pagã (sem crença religiosa) no Império Romano. Depois, foi incorporada ao calendário católico pela Igreja e chegou ao Brasil junto à colônia portuguesa. Aqui a comemoração foi encorpada pelas manifestações culturais dos negros escravos, a grande massa popular no Brasil do século 19. Todo esse conteúdo histórico pode ser transmitido em aula para os alunos.
Carnaval é uma delícia. Mas não pode atrapalhar a aprendizagem do seu filho. Se a escola substituir as aulas por uma festa, você tem o direito de reclamar. Ou pior: se a escola simplesmente cancelar as aulas, você não só pode como deve reclamar. Os 200 dias letivos a que seu filho tem direito não podem ser trocados apenas por um "oba-oba".
"Estávamos cansados de ver as crianças simplesmente pulando no salão", diz Rosana Gomes de Faria Mello, coordenadora de eventos do Colégio Nossa Senhora da Ressureição, em São Paulo . Ela conta que, abordando o Carnaval de forma divertida e educativa ao mesmo tempo, conseguiu reduzir - e muito! - as faltas no período. "Hoje os alunos praticamente não faltam mais na sexta-feira que antecede o feriadão", afirma.
Em muitas escolas, a festa é conteúdo para as aulas, e, ao invés de ser apenas um momento de descontração para os alunos (ou um pretexo para "matar aula"), mostra que é possível aprender brincando, dançando e cantando. "O Carnaval é um conteúdo de aprendizagem como qualquer outro, faz parte do currículo. Não trocamos um conteúdo por outro", diz Maria Andrade Antonieta Giovedi, diretora da Educação Infantil do Colégio Oswald Andrade, em São Paulo.  
Samba, bateria, desfiles, marchinhas, maracatus, sambas de roda, afoxés, frevo, entrudo, blocos de rua. Essas são algumas das manifestações da cultura popular brasileira que encontram no período do Carnaval o espaço certo para ocupar as salas de aula. Associadas ao conteúdo escolar, essas atividades mostram para os alunos valores culturais e históricos do Brasil que vão muito além do Carnaval mostrado na TV.
Para além das fantasias e máscaras solicitadas pelas instituições de ensino, será que o valor simbólico do Carnaval é realmente percebido e transmitido para o seu filho? Pensando nos temas culturais que envolvem o carnaval no Brasil, faz parte da aprendizagem escolar desmistificar lendas associadas ao Carnaval e matar a curiosidade dos alunos com relação aos seus símbolos culturais e históricos. Mas como fazer com que a comemoração do Carnaval não comprometa a aprendizagem dos alunos? Leia abaixo algumas dicas para transformar o Carnaval em conteúdo educativo de verdade, e não apenas em uma festa sem siginificado.

Veja em anexo, texto na íntegra.